Fundo Rotativo Solidário (2011)

FUNDO ROTATIVO APÓIA INICIATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E CONTRIBUI PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

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O Fundo Rotativo é uma metodologia de apoio financeiro às atividades produtivas de agricultores e agricultoras familiares e grupos associativos. A experiência vai além de ser uma linha de crédito desburocratizada, já que possibilita assessoria técnica e reflexões sobre outras linhas de créditos já existentes. Os Fundos são formas de valorização da poupança comunitária e assumem a forma de gestão compartilhada dos recursos coletivos. São constituídos a partir da contribuição das famílias ou estimulados por um capital externo oriundos de parceiros.

No Território Baixo Sul da Bahia, algumas experiências agroecológicas tem sido consolidadas a partir do incentivo do Fundo Rotativo nas comunidades. Hoje, a organização e a gestão dos recursos ainda são feitas pelo SASOP, mas a proposta que é as comunidades comecem, aos poucos, a assumir a gestão, a partir da dinâmica comunitária. Nesse processo, as trocas de experiências entre as famílias de diferentes comunidades têm sido um espaço de disseminação de informações e troca de experiências.

No geral, o valor do empréstimo e do retorno ao Fundo é definido em reuniões, de acordo com as condições de cada família. O recurso, normalmente, é utilizado para compra de insumos, sementes, mudas, adubos, ração e material para construção de galinheiros, cisternas e outras infraestruturas.

Os Fundos são mais do que mecanismos de financiamento de atividades. Eles têm se mostrado um forte instrumento da economia comunitária a serviço do desenvolvimento da agricultura familiar. Para a agricultora Ana Célia, da comunidade do Barroso, em Camamu-BA, o Fundo Rotativo veio dar oportunidade ao pequeno agricultor. “Para nós, o Fundo Rotativo é uma rede de solidariedade, onde um ajuda ao outro. Um crédito que podemos pagar”, completa.

No Assentamento Dandara dos Palmares, em Camamu-BA, o grupo das mulheres acionou o Fundo Rotativo para construir uma casa de apoio, onde guardam ferramentas de trabalho, armazenam os produtos e se reúnem no trabalho coletivo da roça. Jacinta, agricultura e integrante do grupo das mulheres da Dandara, afirma que o trabalho coletivo que fazem há mais de 10 anos só trouxe benefícios. “Enquanto grupo, conseguimos acionar o Fundo Rotativo, construímos o nosso barracão e já estamos pagando o empréstimo”, conta a agricultora. O grupo, segundo Jacinta, se divide entre artesanato e trabalho na roça e já conseguem vender muitos produtos, tanto na Feira Agroecológica da cidade, quando para mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos, do Governo Federal, sob gestão da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento.

A experiência do grupo com o Fundo mudou para melhor a qualidade da alimentação e da saúde das famílias, além de ter possibilitado a geração de renda. “Antes vendíamos nossa saúde ao vendermos nossos produtos e comprávamos doença ao adquirir coisas do mercado. Paramos com isso. Hoje, o que temos em casa dá para alimentar a família e ainda levamos para vender na feira. Tudo plantado com o adubo que nós mesmas fazemos. Isso é resultado da nossa união e do investimento com o projeto do Fundo.”, explica Cosmiana, agricultora e também integrante do grupo de mulheres da Dandara.

Para Marilene, da comunidade do Barroso, o Fundo estimulou a produção dos quintais e a criação de galinhas na comunidade. A agricultora, que participa das reuniões do SASOP e dos mutirões de trabalho da comunidade, acessou, junto com o grupo, o fundo rotativo duas vezes para melhorar a infraestrutura para criação de galinhas. Juntos compraram tela, arames, pintos e ainda uma máquina forrageira, onde preparam a ração para os animais. “Conseguimos pagar o primeiro acesso e já estamos terminando de pagar o segundo”, conta com animação. Já Ameronice diz que, depois do incentivo do Fundo, começou a plantar e criar galinhas. Hoje tem pepino, quiabo, abóbora, coentro, salsa, cenoura, beterraba, feijão, milho, banana e outros alimentos no seu quintal. “Cada um comprou de 30 a 40 galinhas para começar a criação e está dando muito certo”, diz.

Maria Leite, da mesma comunidade, conta que o seu primeiro acesso ao fundo foi por meio do grupo das mulheres do Barroso. “Antes, não tínhamos condições de plantar nada no quintal, mas, com a assessoria do SASOP e o crédito do Fundo Rotativo, fizemos nosso galinheiro e nos estimulamos a produzir alimentos. O fundo foi muito importante porque ganhamos também experiência. Ele não é só o dinheiro, mas vem acompanhado de toda uma assessoria técnica do SASOP, que nos dá orientações para gente se alimentar melhor, cuidar das galinhas, vender nossos produtos na feira. Hoje compramos fora o mínimo. Temos de tudo aqui na comunidade”, finaliza Maria Leite.

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