Silma Paz Lino Soares e Edilson Ribeiro de Macedo (2012)

NOVOS EXPERIMENTOS  AMPLIAM  A  RENDA  FAMILIAR  DE EDER  E  SILMA

A história do casal, Silma Paz Lino Soares e Edilson Ribeiro de Macedo, conhecido por Eder, começa quando Silma retorna de São Paulo em 2001. Ela foi para São Paulo ainda adolescente em busca de melhoria à sua vida. Muito nova ficou órfã e as condições eram bem precárias. Silma diz que já planejava retornar a sua terra natal, e numa das visitas de férias se reencontrou com Eder, que também é da mesma comunidade, adiantando o seu regresso. Hoje 12 anos de casados tem 1 filho, Danilo Paz de Macedo, de 6 anos. Silma conta que foi aqui no seu sertão que encontrou qualidade de vida e o que buscava, construir uma família. Com orgulho diz que para tomar qualquer decisão tem que ser os dois juntos. A família mora na comunidade Lagoa do Pedro, Sítio Palmeiras, no município Campo Alegre de Lourdes que fica no Semiárido baiano a 900 quilômetros da capital, Salvador.

Produção de cera alveolada    

Atualmente a maior renda da família vem da apicultura, da criação de caprinos e ovinos. Empolgados com as abelhas, Eder e Silma, há 3 anos se organizaram e montaram uma minifábrica caseira para produção de cera alveolada. Eder diz que inicialmente fizeram para suprir a necessidade de seu apiário. Aos poucos apicultores da redondeza reconheceram a qualidade do trabalho de Eder e devagarinho está aumentando a procura. Se a pessoa levar a cera bruta a cada quilo alveolado paga 4 reais, se todo material for de Eder o quilo alveolado custa 20 reais. A minifábrica fica no quintal da casa.

O casal tem mais de 30 caixas de Abelha Apis, conhecida como abelha de ferrão. Eder diz que tem o desejo de criar abelha nativa, a mandaçaia, mas reconhece que precisa aprender primeiro o manejo. Para ele experimentar é uma forma de ampliar os conhecimentos. O casal maneja o apiário, mas é Silma quem organiza a indumentária. Faz macacões e máscaras, criou um jaleco adaptado que Eder prefere usar com calça jeans para trabalhar, além das botas, luvas e máscara. Em 2011 venderam mais de 1 tonelada de mel. Eder comenta que comercializam direto com atravessador, pois acredita que é a forma mais rápida de negociar e não é sócio da COAPICAL, Cooperativa de Apicultores de Campo Alegre de Lourdes.

Investimento na criação animal e canteiros

Silma conta que possuem 170 cabeças de criação e não deixa os animais ficarem velhos, se for fêmea tem no máximo 6 crias. Ela e Eder vendem porque é uma forma de manter o rebanho renovado. Com o projeto Cabra Forte aprenderam a dar maior importância à higienização dos chiqueiros para garantir a saúde animal. Eder afirma que depois dos aprendizados ninguém mais joga esterco fora, usam nos canteiros e plantas para enriquecer o solo. Para capar seus animais usam o método burdizzo, usa brincador para o reconhecimento de sua criação e de vacinam de 4 em 4 meses. Para limpeza e cicatrização de ferimentos ou bicheiras usam raspa de plantas nativas, como a favela, jurema e aroeira. Para o preparo da ração usa a palma, mandioca, fava, andu, melancia de cavalo e milho. As aves são para consumo da família, criam em torno de uma 100 galinhas. Comercializam ovos. Têm cuidado com o manejo sanitário e alimentar, por isso dificilmente perde algum animal por causa de doença. Contam com as orientações do Técnico Veterinário do Piauí, Rone Anderson Ribeiro Macedo.

Eder e Silma acessaram linhas de crédito do Banco do Nordeste Agroamigo pela primeira vez em 2009. Eder formou um grupo de 04 pessoas e é ele quem coordena. O grupo iniciou com empréstimo de 700 reais para cada participante e na medida em que vão pagando aumenta o valor. Tem investido na melhoria e ampliação do seu rebanho,  já construiu um aprisco. Silma também formou um grupo de 04 mulheres e acessou o Credamigo que é uma linha diversificada. O grupo investiu em doces, insumos para os canteiros, cosméticos e confecção de roupas. Garante que vale pena porque  o juro é menos de 1 porcento ao mês. Silma conta que a idéia de ampliar os canteiros foi a melhor coisa que fez. Em 2011 ocupou quase toda área reservada para a cisterna com canteiros. Acredita que conseguiu vender, no ano passado, bem mais que 2 mil reais. Comercializa na própria comunidade, outra parte repassa para as feirantes, neste caso recebe apenas uma porcentagem. Diz que no ano passado teve uma época que só os canteiros dava para sustentar o consumo e as despesas da família.

Para proteger os canteiros dos passarinhos, Silma colocou vassourinha, tipo gravetos, rodeando os canteiros que não tem tela, porque não foi o suficiente para todos. Silma diz que é uma superstição para espantar os pardais e cabeças vermelha, pois as vassourinhas juntas dá idéia de arapuca, aí eles imaginam que vão ficar preso e fogem. Para molhar os canteiros e fruteiras usa água do poço que fica a mil metros do local. Transporta a água na carroça em tambores e chama de pipinha. A água é depositada numa caixa fibra de mil litros. Nesse período de seca, Silma só não está conseguindo cultivar alface por conta da quentura. A cisterna-calçadão foi concluída em outubro de 2011, mas a cisterna está praticamente vazia devido a pouca chuva na região.  Silma se orgulha em dizer que a família recebeu mudas frutíferas, como caju, acerola, goiaba, manga, laranja, limão e plantas medicinais, ampliando o que já cultivava.

O futuro da família está onde tudo começou

A falta de chuva tem sido o maior desafio para todas as famílias que vivem no semiárido, mas Silma e Eder afirmam que a busca é constante em seu dia a dia para vencer as dificuldades. Por isso, o sonho da família é construir mais uma cisterna de 16 mil litros porque ainda se desperdiça muita água do telhado quando chove solicitar ao governo adutoras da água no poço para beneficiar as famílias, fazer mais um aprisco com piso adequado para garantir saúde ao seu rebanho e conforto na hora da limpeza e comprar uma forrageira. Para finalizar a conversa, Silma afirma que o futuro da família está em Lagoa do Pedro onde tudo começou.

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