Grupo de Mulheres se fortalece com criação de caprinos leiteiros (2013)

Grupo Novidade no Campo ao receber os caprinos
Grupo Novidade no Campo ao receber os caprinos

Na Comunidade Martinha, localizada na zona rural do município de Remanso, Bahia, um grupo de mulheres se destaca na criação de caprinos para produção de leite e seus derivados. O grupo, que teve início há seis anos com a participação de 12 mulheres que também integram a Rede de Mulheres de Remanso, já se reunia para discutir questões relacionadas ao enfrentamento da violência contra a mulher, ao trabalho produtivo e ao empoderamento.

No final de 2011, com apoio do SASOP, Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais, as mulheres decidiram iniciar a criação de caprinos. Por meio do Fundo Rotativo Solidário, receberam 11 cabras e hoje já somam 25 caprinos. Agora aguardam o nascimento de filhotes fêmeas para fazer o repasse para outros grupos produtivos. Dona Edite Pereira Alves, uma das criadoras, conta que com assessoria do SASOP, o grupo elaborou um regimento interno para determinar regras de trabalho em grupo.

A agricultora diz que o objetivo do Novidade no Campo, nome dado ao grupo, é garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias envolvidas e a geração de renda para as mulheres com a venda dos produtos excedentes. Hoje, o grupo conta com três criadoras, Zélia Maria Pereira Soares, conhecida como irmã Maria, Dona Edite e a Dona Delzuita Ferreira Alves, que se revezam a cada dois dias para cuidar da criação e produzir os derivados do leite. A área de criação foi doada pelo esposo de Dona Edite, Seu Valdicio Lopes Alves, que participa e apoia o grupo das mulheres.

Dona Delzuita revela que o Novidade no Campo já produz queijo, manteiga, requeijão cremoso, doces, molho de pimenta com soro do leite e outros produtos. Aproveitam tudo do leite de cabra. Por causa da distância e da última seca que atingiu a região, as outras mulheres não conseguiram manter a rotina de cuidar das cabras, mas continuam a participar dos encontros e reuniões.

O grupo tem como princípio de produção a Agroecologia, desenvolvendo as atividades com menor impacto negativo possível ao meio ambiente. Elas plantam forragem para fazer a ração para os animais apesar de ainda não terem autonomia na produção de alimentos para os caprinos. Na roça da criação, Dona Edite conta que já plantaram leucena, palma, glicídia e aproveitam também plantas da caatinga.

A quantidade de leite ainda é pequena e, por isso, não conseguem ter produtos suficientes para acessar os mercados institucionais, mas já vendem em eventos, intercâmbios, por encomenda e para pessoas da própria comunidade.

Para elas, a atividade do grupo contribui muito para melhoria da alimentação da família. Passaram a ter mais cuidado com a alimentação, com a saúde e avançaram muito nas práticas de convivência com semiárido. Participam de formações, intercâmbios e encontros para aprimorar os conhecimentos sobre criação e beneficiamento.

Cada uma possui em sua propriedade cisternas de consumo humano e de produção e cultivam alimentos agroecológicos no quintal. Plantam coentro, pimentão, alface, e outros alimentos, para o consumo da família e para vender na cidade. Ficam felizes com suas hortas porque passaram a se alimentar sem medo de que o alimento esteja contaminado.

Elas contam que a maior lição foi ter aprendido a trabalhar em grupo e conhecer experiências de outros lugares. Antes, não davam valor ao leite, que era desperdiçado. Mas agora, com o beneficiamento, não perdem mais nada. Para o futuro querem comprar equipamentos e construir um local mais adequado para beneficiar os produtos, além de aumentar a produção de leite com a compra de mais animais.

Dona Maria, Edite e Delzuita continuam tocando o grupo
Dona Maria, Edite e Delzuita continuam tocando o grupo

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Dona Delzuita diz que passaram a conhecer mais seus direitos depois que começaram a participar da Rede de Mulheres. Antes só cuidavam da casa e de seus maridos. Hoje, conquistaram autonomia. A agricultora afirma ainda que o trabalho em grupo só dá alegria e que gostaria que outras mulheres mais novas se engajassem nessa mesma caminhada. O importante, segundo ela, é não desanimar e ter dedicação ao trabalho. O que falta é apenas energia elétrica que facilitaria o beneficiamento e o armazenamento dos produtos. A parceria com o SASOP, para ela, fortaleceu o grupo das mulheres e fez com que se organizassem e pensassem no futuro. O trabalho, de acordo com a agricultora, nunca foi fácil, mas com o Novidade no Campo organizado e fortalecido começaram a ganhar dinheiro para comprar ração e construir um aprisco e uma sala de ordenha.

3 comentários

  1. Como retorno dos investimentos feitos ao grupo e resposta para a sociedade, essas mulheres têm iniciado um processo de repasse de sua experiência com a criação de cabras leiteiras e beneficiamento do leite.
    Esses momentos acontecem através de oficinas com praticas de transformação do leite de cabra em: queijos, requeijão, doces, manteiga, conservas de pimenta com o soro, entre outros. Como público para esses momento, outras mulheres assim como elas trabalhadoras rurais que buscam a sua autonomia financeira e melhoria de sua alto estima em sua comunidade.

  2. Alguém de vcs da família Pereira Alves deu um filho a 34 anos atrás em São Luís do Maranhão na maternidade Marly Sarney? E só escreveu esse nome atrás do papel para deixar como o nome da criança? WALDINEY…..

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