III FEIRA DE MULHERES DO BAIXO SUL CONTRA A VIOLÊNCIA

Feira de saberes e sabores reúne cerca de 300 mulheres em Camamu para debater direitos da mulher e protagonismo feminino

“Para mudar a sociedade do jeito que a gente quer, participando sem medo de ser mulher.” Entre as canções entoadas, essa é a que melhor expressa a terceira edição da Feira de Mulheres do Baixo Sul contra a Violência. Agricultoras, marisqueiras, pesqueiras, artesãs, mulheres quilombolas, representantes de movimentos sociais, sindicatos e organizações, se reuniram no Mercado de Artesanato, no município de Camamu, a 329 km de Salvador, no dia 22 de agosto. O evento teve início às seis da manhã com um café solidário. Marcaram presença cerca de 300 mulheres de diversos municípios vizinhos a Camamu e ainda uma caravana de representantes da Rede de Mulheres de Remanso, município do Semiárido baiano. O objetivo da feira não era apenas comercializar os produtos cultivados na roça, mas trazer as agricultoras que vivem no campo e, muitas vezes não são reconhecidas pelo seu trabalho, permitindo que exponham seus produtos e troquem experiências. Para as agricultoras a proposta de uma feira de saberes e sabores traz muita alegria, por ser um momento de reconhecimento e valorização.

A Feira promoveu ainda um debate sobre os direitos da mulher e o protagonismo feminino na região, além de potencializar a articulação de estratégias para superação da desigualdade e da violência no Baixo Sul. A atividade contou com a participação da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM), do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e Movimento Sem Terra (MST). A secretária estadual de Políticas para as Mulheres (SPM), Vera Lúcia Barbosa, falou sobre como a discriminação é histórica e de como a essa construção vem colocando ao longo do tempo a mulher num lugar privado, de submissão. A secretária abordou ainda a Lei Maria da Penha como um instrumento de visibilidade do problema da violência contra a mulher, deixando de ser algo naturalizado como normal e que a lei não abrange apenas a violência física, mas também a moral, a sexual, a patrimonial e a violência psicológica. “Hoje não é mais aquela história de que em briga de marido e mulher não se mente a colher”, explicou. A mesa de debate abordou ainda questões sobre educação no campo e agroecologia. A reflexão mostrou a importância das mulheres reconhecerem os seus direitos e valorizá-los. Com canções e gritos de ordem alertando população para a garantia dos diretos da mulher, o encerramento ficou por conta de uma caminhada pelas ruas da cidade, passando pelo local onde uma mulher foi assassinada brutalmente em praça pública como forma de homenageá-la e refletir sobre o ocorrido.

A feira de saberes e sabores integra as ações do Projeto Agrofloresce, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Foi organizada pela Articulação de Mulheres do Baixo Sul, em parceria com o Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP), Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Camamu, KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Escola família Agrícola (EFA).

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