Agroecologia e Democracia unindo campo e cidade
Ato em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) reúne agricultores e agricultoras em defesa do Semiárido
Cerca de 15 mil pessoas atravessaram a ponte Presidente Dutra de Juazeiro (BA) rumo à Petrolina (PE), no dia 11 de julho, no ato público “Semiárido contra o Golpe – Nenhum direito a menos”. O ato ocorreu em protesto aos retrocessos de direitos que ameaçam conquistas dos povos do Semiárido, no atual governo interino de Michel Temer que culminou no afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff. A mobilização, que contou com a presença do ex-presidente Lula, foi organizada pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e pela Frente Brasil Popular (FBP), que é formada por partidos de esquerda e movimentos sociais como o MST, MAB, MPA, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, Pastoral da Juventude Rural, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
Para o coordenador da ASA pelo estado da Bahia, Naidison Quintella, um dos motivos para mudança de cenário foi a abertura que a sociedade civil teve para dialogar com o governo. “Nós construímos um conjunto de políticas que foram aplicadas no Semiárido e mudaram o cenário. Deram oportunidade aos homens e mulheres, mostraram que não somos pessoas de joelho, somos pessoas ativas, capazes de mudar o rumo de sua história”, avalia. Naidison ainda destacou o quanto o atual governo do presidente interino Michel Temer quer silenciar a voz que vem do Semiárido. “Temer tem interesse em silenciar espaços, conselhos onde podemos construir políticas. Mas essa voz permanece viva dentro da gente, nós vamos resistir. Nossa história sempre foi de luta e se necessário vamos continuar a lutar. Lutar contra o golpe e pelas mudanças de vida que nós precisamos fazer”.
O Ex-presidente Lula, durante participação no ato, enfatizou a importância da agricultura familiar que é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa de brasileiros e brasileiras, bem como os programas de acesso à água que hoje somam mais de um milhão de cisternas construídas em todo o Semiárido. “Aquele cara que planta soja tem colheitadeiras que são monstros de máquinas, mas o feijão que ele come é plantado pelo pequeno agricultor”, disse Lula. O ex-presidente afirmou ainda que, em seu governo, aprendeu com a sociedade civil que era importante conviver com a região e não tentar combater a seca, para que as pessoas não precisassem mais sair do Semiárido para morar em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
Fonte: Articulação Semiárido Brasileiro