MULHER I Mulheres em rede contra a violência foi tema da IX Feira Sociocultural e Saúde da Mulher

MULHER I Mulheres em rede contra a violência foi tema da IX Feira Sociocultural e Saúde da Mulher

A nona edição da Feira Sociocultural e Saúde da Mulher aconteceu nos dias 5 e 6 de abril, no município de Remanso, Território do Sertão do São Francisco, na Bahia. Este ano, além da comercialização de produtos agroecológicos, o evento promoveu uma série de oficinas temáticas e intercâmbio de experiências lideradas por mulheres. Outra novidade, foi a atividade de formação para a juventude, com foco na permanência no campo, facilitada com apoio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/SDR).

Organizada pela Rede de Mulheres, a Feira conta todos os anos com o apoio do SASOP na preparação das atividades pautadas na Agroecologia e na convivência com o Semiárido. Esta edição da feira reuniu cerca de 200 mulheres dos municípios de Remanso, Casa Nova, Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes, que visitaram os grupos de beneficiamento de frutas da AMOMA (Associação de Moradores do Marcos), da Horta Comunitária da Área Industrial, do beneficiamento do pescado da APPR (Associação de Pescadores e Pescadoras de Remanso) e o grupo de artesanato Nova Vida. Ainda no mesmo dia, foram serão realizadas oficinas temáticas sobre Segurança Alimentar e Gênero; Comercialização na Agricultura Familiar; Saúde da Mulher; e Violência contra a Mulher. O segundo dia ficou por conta da exposição e comercialização dos produtos agroecológicos da mulheres com uma grande diversidade de alimentos in natura e outros beneficiados. O município disponibilizou ainda serviços de saúde e de assistência social para as mulheres participantes da Feira e para a população local.

Maria do Socorro Santos, que é uma das lideranças da Rede de Mulheres, em Remanso, e sócio-fundadora junto com outras 35 mulheres, lembra que o trabalho da Rede começou ainda com o movimento de mulheres apoiado pela Diocese de Juazeiro, nos anos 80. “Antigamente, a gente tinha muita dificuldade de levar as mulheres para participar das atividades, então, junto com a Diocese, começamos com os trabalhos formativos. Com o passar do tempo, tivemos mais participação e iniciamos o trabalho de geração de renda. A parir daí, sentimos a necessidade de ter um momento onde as mulheres mostrassem e pudessem comercializar tudo o que produziam. Foi aí que surgiu a ideia da Feira. Cada ano trabalhamos um tema diferente. Ano passado foi a reforma da previdência e, esse ano, decidimos trabalhar o tema Mulheres em rede contra a violência. E vamos continuar trabalhando o tema o ano todo nas reuniões e nas atividades de formação pelo território”, afirma Socorro.

Para Márcia Muniz, coordenadora do SASOP, esse é um momento que a rede se organiza em torno do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. “Num primeiro momento era só a Feira, sem atividades de formação, mas, há alguns anos, viemos insistindo na realização de atividades antes do dia da Feira em si para que pudéssemos refletir questões relacionadas aos direitos das mulheres e também poder promover uma troca de experiências na perspectiva agroecológica. Isso tudo reflete no espaço da feira. Esse ano, além das oficinas, realizamos intercâmbios. Os participantes tiveram oportunidade de conhecer experiências que vem dando certo, principalmente experiências lideradas por mulheres, como as hortas urbanas, o beneficiamento da pesca e de frutas, e artesanato. A Feira congrega os produtos que as mulheres trazem de suas propriedades. Muitos desses produtos vem dos espaços dos quintais, outros, são beneficiados por elas e é uma oportunidade de mostrar, valorizar e fortalecer esse trabalho perante a sociedade. A escolha do tema desse ano se deu pelo fato da violência permanecer muito presente nas comunidades, com muitas mulheres sendo assassinadas, principalmente na área rural, onde os direitos são mais frágeis. Essa é uma maneira de juntar essas mulheres. Juntas, somos mais fortes e temos mais coragem de denunciar”, finaliza Márcia.

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