OFICINA I Produtores de cana do Brejo da Serra, em Pilão Arcado, participam de oficina sobre adubação orgânica

OFICINA I Produtores de cana do Brejo da Serra, em Pilão Arcado, participam de oficina sobre adubação orgânica

Texto e fotos: Diego Souza e Adaílton Martins

A equipe do SASOP organizou, nos dias 01 e 02 de agosto, uma oficina prática de adubação orgânica, que inclui a produção de composto e manejo da pilha em duas propriedades da comunidade Brejo da Serra, em Pilão Arcado (BA). Durante a atividade, as famílias perceberam a importância de realizar a cobertura do solo nos plantios para diminuir a incidência do sol, com melhor regulação de temperatura e manutentação da umidade do solo. A partir da utilização de materiais como esterco, cinzas, bagaço de cana, folhas de mata que cobrem o solo e folhas de cana verde, foi orientado o passo a passo sobre o manejo da pilha, com a conservação de umidade, reviramento para aeração, teste da temperatura com facão, maturação, armazenamento e uso do composto orgânico.

Com a oficina, os participantes se sentiram dispostos a colocar em prática, pois associaram a vantagens econômicas com o melhor aproveitamento do esterco e no melhor aproveitamento do bagaço da cana, aliado a isso a preservação e conservação das qualidades do solo. Ao adotarem o manejo agroecológico estão contribuindo diretamente com o aumento da fertilidade natural.

A região do Brejo da Serra fica localizada a cerca de 170 km da sede do município de Pilão Arcado (BA). As estradas, incluindo a BR 020 que dá acesso à comunidade, se encontram em péssimas condições o que dificulta ainda mais o seu acesso. Por ser localizada nos brejos, possui maior disponibilidade de água que as outras áreas de Caatinga localizadas ao redor. São encontradas nascentes, riachos, rios perenes e semiperenes. Encontra-se na transição dos biomas Caatinga e Cerrado, o que é caracterizado, entre outras coisas, pela presença de árvores diversas, entre elas o Buriti, Pequi, Puçá e Faveiro.

Devido ao aproveitamento desta oferta de água, as comunidades podem assegurar a continuação da tradição do cultivo de cana-de-açúcar, que é beneficiada de modo caseiro por muitas famílias, seja para produção de rapadura ou também da cachaça, muito comum nas casas em alambiques de fabricação artesanal. As moendas por muito tempo foram utilizadas com a força animal, realidade que vêm sendo transformada com a chegada dos motores combustível (diesel e gasolina). Dela se extrai o caldo da cana, ou a garapa, que é fonte de energia aos sertanejos e matéria prima na fabricação de diversos produtos. Segundo relatos dos produtores do Brejo da Serra e região, existem diferentes tipos de cana que são plantadas, entre elas a cana-caiana.

O outro material que é produto das moendas é o bagaço de cana. Uma parte desse bagaço é deixado nos terrenos de “um ano para o outro” depois é colocado fogo e utilizado as cinzas na adubação da cana. Outra parte é estocada e fornecida aos animais, principalmente o gado e em forma de farelo para alimentação. O que sobra deste material é amontoado em “pilhas” para queima ou pode ser deixado para a decomposição direta no solo, o que demora algum tempo. O uso do bagaço vem sendo incentivado no processo de compostagem, através das ações de assistência técnica, já que há grande disponibilidade de bagaço nas unidades produtivas. Aliado a isto veio a necessidade dos agricultores em melhorarem suas práticas de adubação.

Segundo relatos de Seu Elias, Naldino e Gílson produtores de rapadura e cachaça, afirmam que ultimamente algo vêm “salgando” os canaviais, pois isto têm influenciado no sabor das rapaduras e da cachaça, ocorrendo até a pouca aceitação dos produtos. Acreditam que isto deve acontece por alguma deficiência no solo, ou adubação incorreta. Uma forma de otimização do sistema produtivo é buscar alternativas que o tornem sustentável, para tanto, é necessário considerar o aproveitamento do bagaço, destinando-o a produção de composto, que poderão apresentar-se como estratégias importantes e de custo mínimo. O composto é resultante de um processo controlado de decomposição bioquímica de materiais orgânicos, sendo um produto mais estável e utilizado como fertilizante.

A compostagem é uma metodologia que vem sendo aprimorada pelo homem com o objetivo de se obter condições adequadas para que o processo de biodegradação da matéria orgânica putrescível ocorra de forma dinâmica e eficiente. É uma técnica utilizada para se obter mais rapidamente a estabilização da matéria orgânica ou humificação. Na natureza esse processo de decomposição, em condições normais, ocorre em tempo indeterminado.

A preocupação ambiental é tema bastante comentado nos últimos anos. Por conta das secas, os brejos vêm secando e a água, no último inverno, já não chegou até a Casa dos Meios, comunidade vizinha, fazendo com que muitas famílias perdessem seus plantios de vazante e desacreditassem nas lavouras, principalmente de milho e feijão. No brejo também se produz doces e derivados do buriti, manga, banana, coco e mandioca que são fonte de alimentação e renda e geram produtos que podem ser reaproveitados na compostagem. Desta forma pode se manter a tradição produzindo e preservando os recursos naturais para as atuais e futuras gerações.

 

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