Agroecologia e Democracia unindo campo e cidade
Dia Mundial da Alimentação é marcado pela luta dos movimentos no combate ao retorno da fome no Brasil
A data criada pela FAO terá ações simbólicas presenciais e articulações online para conscientizar populações do campo e da cidade
Dia 16 de outubro é considerado o Dia Mundial da Alimentação. Em Salvador e em todo o Brasil, a data será, este ano, um marco na luta “Contra a Fome e por Soberania Alimentar”, com ações nacionais e territoriais ao longo de toda a semana, de 12 a 17 de outubro, em alinhamento com uma agenda global de promoção do Direito à Alimentação. Entre as atividades, iniciadas desde a segunda-feira, estão debates promovidos pelo Movimento de Pequenos Agricultores do Brasil (MPA), Feiras Camponesas em bairros populares e atividades do Mutirão Contra a Fome, que desde o início da pandemia doou mais de 700 toneladas de alimentos para comunidades das periferias urbanas.
São ações simbólicas presenciais, atos e articulações online como tuitaços e lives que vêm acontecendo desde o início da semana, promovidas por movimentos populares do campo e da cidade, como a Via Campesina Brasil, o Campo Unitário, a Conferência Popular de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. No dia 16/10 – o Dia D – acontece o Ato Nacional Contra a Fome: por mais comida saudável e renda para o povo se alimentar, com lançamento do “Manifesto Popular contra a fome e pelo direito de se alimentar bem”.
Na Bahia, as principais atividades acontecem nos municípios do interior do estado, a exemplo de Ponto Novo, no território do Piemonte Norte do Itapicuru, centro-norte baiano, que recebe uma das maiores feiras, com distribuição de jornalzinho temático e diálogos com o público sobre a importância do assunto alimentação. Lá, a exemplo de outros lugares, também serão entregues cestas, em caráter simbólico, a professoras da rede pública de ensino, educadores do campo e moradores das periferias.
“Diante do grave cenário de fome que voltou a assolar o povo brasileiro, a mobilização desse ano visa tanto denunciar esse momento e como promover o tema da alimentação, junto a estratégias de enfrentamento conjunto à fome”, informa Leomarcio Araújo, membro da Direção do MPA, do Coletivo Nacional de Soberania Alimentar e articulador da Rede Raízes do Brasil na Bahia. Por isso mesmo, os debates abordam assuntos como “a nova geração camponesa”, “soberania alimentar” e “educação camponesa”. Já as Feiras acontecem em bairros populares com o objetivo de ofertar alimentos agroecológicos com preço acessível, e dialogar com a população sobre a importância de incentivo à agricultura familiar.
É importante, especialmente, chamar a atenção de toda a sociedade, tanto nos meios rurais quanto nos grandes centros urbanos, para a necessidade de fortalecer os processos de organização do povo camponês. “Dessa forma, garante-se que os principais produtores de alimentos saudáveis permaneçam firmes no seu trabalho, mantenham seu meio de vida e renda, bem como estimula a unidade e a solidariedade entre o campo e a cidade”, explica Leila Santana, membra da Coordenação Executiva do CONSEA Bahia e Direção do MPA. O principal ponto do debate este ano é mostrar como um depende do outro nessa rede que trata do direito humano mais básico.
O Ato Nacional Contra a Fome será transmitido pela página da Via Campesina Brasil no instagram e facebook (@via_campesina_brasil), no MPA (@mpa.brasil) e nas inúmeras páginas de movimentos e organizações parceiras que se juntaram à mobilização, como as citadas acima. Os debates também podem ser acompanhados nessas páginas, bem como no perfil @gente.prabrilhar, que promove uma série especial de lives sobre o tema.
Nações Unidas
O Dia Mundial da Alimentação foi instituído em pela FAO – a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – com o objetivo de reforçar a agenda mundial em prol deste tema, “essencial para a sobrevivência da espécie humana, mas tratado comumente como pauta de mercado, produto e mero consumo”, como arremata Leomarcio.
Em 2018, segundo a ONU, 821,6 milhões de pessoas já passavam fome no mundo, uma a cada nove pessoas, em média. O Brasil, que havia saído do Mapa da Fome em 2014, atingiu 10,3 milhões de brasileiros/as em 2018, segundo dados do IBGE – o que representa 4,6% da população do país. Este cenário da fome se agravou profundamente em 2020 com a pandemia da covid-19. Segundo as projeções da ONU e FAO no começo da crise do novo coronavírus, mais 265 milhões de pessoas podem chegar a uma situação de fome em 2020.
Colabore
Uma maneira de apoiar o campesinato e a agroecologia se dá por meio da compra de produtos da agricultura familiar. A Rede Raízes do Brasil, inciativa do MPA que conta com apoio de organizações da sociedade civil, vem promovendo o acesso da população de Salvador a esses alimentos produzidos através de práticas agroecológicas desde o incío da pandemia do novo coronavírus. As compras podem ser feitas pela internet e acompanhadas pelo whatsapp.
Neste mês de outubro, os pedidos das cestas podem ser feitos até o dia 16/10 (sexta-feira), às 18h. As entregas serão feitas no dia 23/10, em domicílio ou por retirada, no bairro de Nazaré, em Salvador.
O link para pedidos é: https://www.goomer.app/rederaizesdobrasilbahia
O telefone/ whatsapp para informações é: (77) 98874-1049
Como incentivo e em celebração ao Dia da Alimentação, a coordenação da rede na Bahia sorteia nesta data (16/10) uma cesta camponesa repleta de produtos agroecológicos, por meio de suas redes sociais (@rederaizesdobrasil.ba).
"Contra a fome produzimos alimentos saudáveis,
rumo à soberania alimentar e à unidade dos povos"