Rosilda Luz de Carvalho e Nonato Amâncio de Souza (2017)

Agricultora familiar integra grupo de viveiro de mudas e banco comunitário de sementes crioulas

Rosilda Luz de Carvalho tem 42 anos e mora na comunidade Poço do Angico, a 46 km da sede de Pilão Arcado. Nascida na comunidade Lagoa do Anselmo, Rosilda se mudou há 23 anos, quando casou com Nonato Amâncio de Souza. Possuem três filhas e uma netinha. Juntos, eles criam em torno de 30 cabras e 20 galinhas e cuidam das abelhas e da plantação de alimentos no quintal e na roça. Atualmente, possuem 40 caixas de abelha, com previsão de aumentar a quantidade.

Logo cedo, Rosilda vai cuidar das galinhas, enquanto Nonato cuida das abelhas e das cabras. Assim, vão dividindo as tarefas. Os caprinos são criados soltos numa área de fundo de pasto. As abelhas ficam numa área mais próxima, com água e comida para não irem embora. Quando o inverno está bom, tiram bastante mel. No último ano, tiraram aproximadamente oito baldes, cada um com 22 quilos. A renda do casal vem do benefício do bolsa família, no valor R$ 170, e da venda do mel.

O casal conta que conheceu o SASOP durante uma formação sobre criação de abelhas. Logo depois, conquistou uma cisterna-calçadão e passou a plantar frutas, legumes e verduras próximo de casa. Em seguida, veio o apoio para a criação de galinhas, com a construção de um galinheiro, e formação no preparo de forragens.

A agricultora conta que, nas formações promovidas pelo SASOP, aprendeu a preparar a ração das galinhas com plantas da caatinga, misturando folhas e sementes. Para as cabras, aprendeu a fazer o sal alternativo. “Isso foi muito bom e muito aplicado aqui a comunidade. A gente faz um tanto e fica usando o ano todo. Aprendemos a fazer com 330 (gramas) de cada ingrediente: batata de pulga, pau ferro, casca de ovo e folha de caatinga de porco. Dá um quilo com esses quatro ingredientes e, depois, mistura em 10 quilos de sal. Tem cálcio, ferro, muita vitamina”, explica. Para adubar as plantas, Rosilda usa o esterco das galinhas e das cabras. Se der algum inseto, mistura a folha do neem, a folha de são caetano, gliricídia e coloca nas plantas. Essa mistura Rosilda aprendeu nas trocas de intercâmbio.

Nonato também é pedreiro de cisterna. Rosilda participa do grupo de mulheres e jovens da comunidade, que cuida do viveiro de mudas, e integra o grupo do banco comunitário de sementes crioulas. No viveiro, aproveitam para fazer mudas de plantas forrageiras nativas da caatinga, para depois plantar no próprio quintal, facilitando a produção de forragem para os animais.

O banco de sementes, construído há cerca de um ano, agrega famílias das comunidades de Poço do Angico, Baixão e Lagoa do Anselmo. Esse ano, foi a primeira vez que pegaram as sementes do banco para plantar. A devolução é sempre feita em dobro do que foi retirado. “Se você pega dois litros de feijão para plantar, tem que devolver quatro. Quem precisa de mais, pega mais. Isso é para alimentar o banco e a gente sempre ter sementes quando precisar.”, explica Rosilda.

No banco tem sementes de feijão, coentro, abóbora, berinjela, tomate. Além do banco comunitário, Rosilda também tem suas sementes guardadas em casa. No seu estoque individual tem uma varie- dade de sementes, como milho, melancia, gergelim, amendoim, abóbora, coentro, alface, couve, cenoura, entre outras. A família tem tudo o que precisa para se alimentar dentro da propriedade. Não precisa comprar açúcar porque tem o mel. Tem as frutas, as verduras, os legumes, as hortaliças, as galinhas, que fornecem carne e ovos, além dos caprinos. Costumam comprar apenas produtos de limpeza e outras poucas coisas que não produzem, como arroz, macarrão e café. Rosilda afirma que a alimentação e a saúde da família melhorou muito depois da cisterna de produção, que proporcio- nou o acesso à água de qualidade para produção de alimentos saudáveis e agroecológicos.