Comunidades Brejeiras de Pilão Arcado recebem visita do Slow Food

Comunidades Brejeiras de Pilão Arcado recebem visita do Slow Food

Projeto de defesa da sociobiodiversidade e da cultura alimentar reúne mais de 30 agricultores para resgatar a história e a cultura alimentar local

Nos dias 3 e 4 de março de 2020, as comunidades brejeiras assessoradas pelo SASOP, por meio da parceria com o Pró-Semiárido, receberam a visita do Projeto Slow Food na Defesa da Sociobiodiversidade e da Cultura Alimentar Baiana. Com o intuito de levantar, valorizar e catalogar as riquezas social, vegetal e animal da região, mais de 30 agricultoras e agricultores das comunidades Brejo Dois Irmãos, Brejo da Capoeira, Brejo do Carrasco, Brejo do Urubu e Brejo do Pequi, em Pilão Arcado, estiveram reunidos com os facilitadores do projeto.

No primeiro momento, dia 03, foram visitadas as agricultoras mais velhas das comunidades. Dona Romana, Dona Adelcina e Dona Litercina falaram sobre o histórico pessoal e familiar e hábitos delas e de outros moradores, bem como do sistema produtivo e alimentar destes grupos, desde o plantio até a mesa. “Nessa conversa, nos deparamos com resultados surpreendentes, com uma diversidade muito grande de alimentos e quase todos produzidos no roçado e no quintal das famílias, sem uso de agroquímicos. O que vem de fora é quase zero”, diz Fernando Andrade, técnico do SASOP que acompanha a comunidade.

No segundo dia, 04/03, os facilitadores Nathan Dourado e Revecca Tapie, explicaram do que se trata o Slow Food e o objetivo do projeto. A equipe abordou ainda o que é considerado um “alimento bom, limpo e justo”, de acordo com a filosofia do movimento no Brasil. A partir desse levantamento de saberes e sabores comunitários, foram identificados pelas famílias alguns produtos para serem incorporados à “Arca do Gosto” – catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção. Ela está presente em mais de 160 países, e já catalogou mais de 5 mil sabores, sendo 200 somente no Brasil.

Diante de uma diversidade de mais de 50 itens, dentre receitas, animais, frutas e plantas locais, foram escolhidos pela comunidade a fruta puçá e o mudubim, como frutos locais; a cachaça brejeira, a rapadura e a brevidade, como processados artesanais; o gado brejeiro como animal; e o buriti, como a planta mais representativa para a cultura alimentar da região. Todos os produtos foram identificados como de grande importância para aquelas famílias e de indispensável preservação, para o que contam agora com o registro na Arca.

Para Revecca, a conversa com as famílias foi muito positiva e reveladora: “A metodologia utilizada foi participativa. A gente provocou e instigou o resgate da cultura alimentar local, das memórias afetivas e serviu também como uma ferramenta de valorização e de reconhecimento para a nova geração sobre as perdas alimentares e também da importância de se manter o equilíbrio da alimentação saudável, que influencia na produção e sustentabilidade do campo”.

Fernando avalia que, apesar de ter sido um primeiro momento de discussão, os passos dados são importantes. “As famílias já entendem que é preciso preservar a história e a cultura alimentar, para manter essa biodiversidade e não perder os costumes com o consumo de produtos industrializados, cheios de agroquímicos e insumos artificiais”, conclui.

Sobre o Pró-Semiárido 

O Pró Semiárido é um projeto da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural, do Governo do Estado, executado por organizações da sociedade civil que atuam no Semiárido baiano. A iniciativa leva serviços e investimentos diretamente para a população, a partir de um acordo de empréstimo firmado com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre as ações estão assistência técnica e extensão rural (ATER); fomento às atividades de segurança hídrica e de produção sustentável; agroindustrialização e comercialização da produção; acesso às políticas públicas para o meio rural e a agricultura familiar. As atividades são desenvolvidas com base nos princípios da Agroecologia e da convivência com o Semiárido.

Com colaboração de Elka Macedo, Comunicadora do Pró-Semiárido, e Fernando Andrade, técnico do SASOP (Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais)

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