I Seminário das Comunidades Quilombolas e Negras Rurais do Baixo Sul da Bahia destaca a importância da Agroecologia na manutenção dos modos de vida e valorização das identidades no Território
Um encontro de muitos saberes, com o prazer de compartilhar e de aprender, e muita reverência à história do povo negro no Baixo Sul da Bahia. Os dias 13 e 14 de abril marcaram o início do Projeto de Fortalecimento das Comunidades Quilombolas e Negras Rurais do Baixo Sul da Bahia, com o seminário de mesmo nome, realizado em Guaibim – Valença. O encontro teve como tema “Identidades, Direitos e Agroecologia” e trouxe dois paineis, além de debates e grupos de trabalho para discutir e analisar essas questões.
O primeiro dia começou com muito samba, pedindo licença à ancestralidade na mística que relembrou a importância da defesa dos direitos e da união em prol da luta comum, da luta pela terra e seus impactos na qualidade de vida de todas as pessoas. Pela manhã, o painel “Identidades, Direitos e Agroecologia do povo negro do Território do Baixo Sul” reuniu cinco mulheres negras muito potentes para abordar o assunto em seus diversos aspectos.
Pela tarde, o trabalho foi inicialmente dividido em grupos para tratarem do tema “Rural Negro do Território do Baixo Sul”. Entre as questões refletidas e trazidas depois para o espaço coletivo, estão: O que é ser quilombola e negro no rural do Baixo Sul; trajetória e momentos marcantes do povo negro nesse território; desafios e perspectivas para o fortalecimento das comunidades.
O segundo dia contou com o painel “Território e lutas na construção de politicas públicas”. Na mesa, as trajetórias de lutas e conquistas do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Camamu (STTR), da Associação do Quilombo da Jatimane e do Conselho Interterritorial Quilombola do Território do Baixo e Litoral Sul da Bahia (CIACOQ), além de representações de órgãos públicos do Estado da Bahia, como a CAR/SDR, SDA/SDR e do governo federal, com o INCRA e o MDAAF.
O Seminário deu luz à importância da Agroecologia na manutenção dos modos de vida e valorização das identidades do Território do Baixo Sul, aos desafios e embates do racismo estrutural e do autorreconhecimento da identidade quilombola, aos processos de organização das bases e obstáculos no acesso a direitos e aos anseios e perspectivas das comunidades presentes em relação às políticas públicas para o desenvolvimento de seus territórios.
O poder público presente ressaltou a importância da reestruturação das ações direcionadas às comunidades negras tradicionais e quilombolas de um modo geral e traçou um panorama dos desafios da gestão para este propósito, a começar pelas dificuldades de infraestrutura.
“É fundamental reconhecer a existência dos desafios para o fortalecimento das comunidades, por isso mesmo estamos atentas para a necessidade de difundir conhecimentos e estabelecer políticas que viabilizem esse processo”, analisa Cibele Oliveira, coordenadora do SASOP.
O Projeto é uma realização do SASOP em parceria com Manos Unidas e tem apoio da Rede de Agroecologia do Baixo Sul e Vale do Jiquiriçá, da Escola Agrícola Comunitária Margarida Alves (EACMA), do CIACOQ e de Koinonia.