
No último sábado, 7 de dezembro, o município de Campo Alegre de Lourdes, no Sertão do São Francisco, Bahia, foi cenário de uma Feira Agroecológica Especial que celebrou conquistas significativas para a agricultura familiar e a agroecologia na região. O evento, realizado no coração do território, reuniu agricultores(as), comunidades, expositores, entidades parceiras, representantes do poder público municipal e do Pró-Semiárido/CAR, além de outros apoiadores. A feira, que acontece semanalmente há quase um ano, firmou-se como um espaço essencial de comercialização, troca de saberes e fortalecimento comunitário.
A programação teve como destaque a entrega dos títulos de Certificação Orgânica a quatro grupos de agricultores: Baixões, Juntos Somos Fortes, Comunidades Unidas e Quintais Agroecológicos. Ao todo, 19 agricultores receberam a certificação, fruto de anos de dedicação e trabalho coletivo. “Essa feira é especial para nós. Hoje, vendemos nossos produtos orgânicos e naturais, sem veneno. Isso traz melhorias para nossas famílias e para toda a comunidade”, celebrou Leandro, agricultor da comunidade de Lagoa do Gado.

Outro momento significativo foi a entrega de kits de apoio aos feirantes, uma iniciativa do projeto Diversificação da Oferta de Produtos da Agricultura Familiar e dos Mercados no Território Sertão do São Francisco, desenvolvido pelo SASOP em parceria com a Fundação Banco do Brasil. Esses kits, que incluem equipamentos para facilitar o manejo e a comercialização, refletem o compromisso de fortalecer a infraestrutura da feira e ampliar a diversidade de produtos disponíveis para a comunidade.

O evento também recebeu a visita de agricultores de outras regiões, em uma atividade promovida pelo projeto ATER BIOMAS. Esse intercâmbio foi uma oportunidade valiosa para a troca de experiências e saberes, incentivando a adoção de práticas agroecológicas em outros territórios.

Adão José, colaborador do SASOP, destacou a importância da feira como um espaço de transformação social. “Hoje, os agricultores e agricultoras ocupam o centro desse processo. Este espaço não é apenas de venda, mas de dignidade e fortalecimento dos nossos direitos. Precisamos seguir unidos e organizados para garantir avanços ainda maiores”, defende ele, que também reforçou o papel da agroecologia como alternativa às práticas agrícolas convencionais. “Não podemos aceitar como normal o uso de agrotóxicos. Aqui, estamos mostrando que existem formas seguras, saudáveis e viáveis de produzir alimentos”, aponta.
A Feira Agroecológica de Campo Alegre de Lourdes consolidou-se como um modelo para a região, resultado da união dos agricultores, do suporte técnico do SASOP e de parcerias estratégicas. Um dos grandes marcos dessa articulação é a inclusão de produtos da agricultura familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), garantindo alimentos saudáveis nas escolas e impulsionando a economia local.
Aquira Lacerda, jovem da comunidade de Lagoa do Gado, compartilhou sua perspectiva sobre o impacto da feira: “ver essa feira crescer é a prova de que nossos esforços estão valendo a pena. É daqui, do nosso trabalho nos quintais e na terra, que estamos construindo um futuro mais saudável e digno para nossas famílias”, comemora a jovem.
Com quase um ano de atividades, a feira simboliza muito mais do que a comercialização de produtos. É um espaço de resistência, celebração e compromisso com a saúde das famílias e a preservação ambiental. A iniciativa reafirma que a união e o planejamento são capazes de transformar realidades, fortalecendo práticas agrícolas justas e inclusivas. Todo o esforço é para que o exemplo de Campo Alegre de Lourdes continue inspirando ações em todo o Semiárido, consolidando a agroecologia e a agricultura familiar como pilares de um Brasil mais sustentável e resiliente.
