Amor e cuidado são ingredientes para se viver bem no Semiárido

Amor e cuidado são ingredientes para se viver bem no Semiárido

Amor e cuidado são ingredientes para se viver bem no Semiárido

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Ana Angélica de Carvalho tem 39 anos e mora em Pilão Arcado na comunidade do Baixão. É casada desde os 17 com Marivaldo Ferreira de Carvalho. O casal tem três filhos, 18, 19 e 22 anos de idade, todos morando em Brasília. A agricultora mora na mesma comunidade desde que nasceu e há mais de 20 anos está envolvida na luta de entidades locais em busca do melhor para sua comunidade. O primeiro apoio que teve foi da Paróquia do município, depois conseguiu parcerias com outras entidades, como o SASOP, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A rotina de Dona Ana começa cedo. Antes de cuidar das plantas, ela vai admirar e sorrir para elas, ver como amanheceram. A agricultora explica que às vezes elas dormem bem, mas, outras, alguma formiga ou outro inseto as atacou. Depois vai cuidar das galinhas, dar comida as ovelhas e as cabras. Por fim, as abelhas, que ela precisa cuidar ao menos duas vezes na semana para levar água e ver se há insetos incomodando.

DSCN0013Há dois anos recebe o apoio do SASOP e conta que a cisterna de produção foi uma grande bênção. Ela diz que sempre sonhou em ter uma cisterna, mas não sabia que o sonho se realizaria tão rápido. Agora, o casal tem uma cisterna de produção e duas cisternas de consumo humano. Para Ana Angélica, é uma felicidade suas plantas grandes, bonitas e produzindo. Com a Embrapa, a agricultora conseguiu mudas de Umbuzeiro, mas fala que é uma dificuldade mantê-las por causa da seca dos últimos três anos. “Graças a Deus minhas plantas estão bem, elas não produziram ainda por causa da seca, mas tenho os maracujás que esse ano eu fiz uma colheita muito boa, fiz meus produtos e estou consumindo”, conta a agricultora com muita satisfação.

Ana Angélica tem canteiros nas cisternas de produção e lá tem plantado hortaliças, pimentão, couve, beterraba, cenoura, coentro. Ela conta que tem uma receita para conservar o coentro. É só passar no liquidificado com um pouco de vinagre, colocar em frascos de vidro e por na geladeira. O mesmo pode fazer com os pimentões.

A agricultora lembra que participou de um curso e aprendeu como lidar com insetos, utilizando apenas remédios caseiros para não usar agrotóxico. Ela dá o exemplo do “nim”, que é bom para combater o pulgão. Há outros, segundo ela, feitos com sabão, urina de vaca entre outros. Para adubar a terra, conta que é preciso ter muito amor e carinho e não deixar o lixo tomar conta do quintal, porque isso vai matando a terra. Ela recicla, faz adubos orgânicos e coloca em bacias ao redor das plantas com uma cobertura de acordo com o tamanho da planta e o espaço da raiz.

Muitas melhorias foram alcançadas depois que Ana Angélica conseguiu a cisterna. Ela mostra as mudas mais bonitas e diz que a qualidade na plantação mudou. Depois da cisterna, a agricultora fez um quintal para criar galinhas. Cria as aves presas e afirma que já não sabe o que comprar no mercado. Faz polpa e suco do maracujá, do umbu, do caju, da acerola e também produz mel. Ainda não vende os alimentos, mas sua produção garante a alimentação da casa. Tem tudo em casa e, assim, evita comer alimentos do mercado, contaminados pelos agrotóxicos.

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Outra alegria para a agricultora foi a chegada da energia elétrica na comunidade. Ela conta que ajudou bastante e reforçou a produção, porque agora pode conservar os alimentos que produz. Ana Angélica diz que sempre teve vontade de organizar um grupo de mulheres. Conseguiu e, com o grupo, fez o projeto de um galinheiro. Hoje, não trabalham juntas, mas o grupo continua. São 14 mulheres, que sempre se reúnem e sonham em se manter fortes e organizadas. Com apoio do SASOP, o grupo se animou e já conseguiu mudas, viveiro e metade do material para construir o galinheiro.

Entre os sonhos que permanecem estão recuperação da caatinga com plantas nativas e a construção de uma unidade de beneficiamento. “Queremos é uma casa de beneficiamento, porque temos vontade de comercializar o que temos e precisamos de apoio para expor aquilo que a gente produz.”, explica a agricultora aproveitando para fazer uma degustação do doce de maracujá caseiro.

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