Manejo agroflorestal garante produção de alimentos e preservação da Mata
Fortunato da Hora Silva e Marilene Ferreira da Conceição são agricultores familiares e moram na comunidade Boa Vista, município de Camamu, no Baixo Sul da Bahia. Desde 1998, que eles começaram a utilizar práticas agroecológicas na propriedade. Hoje, o casal tem implantado um sistema agroflorestal numa área em que plantam de tudo: cacau, cupuaçu, seringueira, açaí e outras frutas. Muitas das mudas fornecidas pelo SASOP.
Marilene conta que quando chegou na propriedade, o manejo era na base do facão. Com o manejo agroflorestal começaram a ver a mudança na terra. A gente vai cobrindo o solo com as madeiras cortadas e vê que ela vai melhorando a cada dia.
Ela conta que o trabalho inicial é difícil. Diz que quem tem o hábito de queimar não quer começar do zero. “Aqui nós vamos recuperando a terra, plantando para depois colher. Hoje estamos felizes vendo a terra saudável e ainda dando lucro. Não vendemos mais nada para atravessadores.”, esclarece.
Marilene lembra que quando começaram o trabalho, praticamente não tinham nada na área. Aí foi implantando frutas e árvores nativas. Na relação com o meio ambiente, o casal se sente privilegiado por estar numa região que chove com abundância e também faz sol que não atinge tanto a agricultura. O maior problema na região, segundo eles, sempre foi o desmatamento e as queimadas.
Com a implementação do manejo agroflorestal a alimentação da família também melhorou, já que o cultivo é feito por meio de práticas agroecológicas. “Melhorou minha qualidade de vida bastante. A gente vê que chega no mercado, compra um quilo de tomate e está tudo afetado. Estava passando na reportagem que o que mais dá doença é o tomate, por causa tanto químico que eles jogam. É que nem a galinha. Com 90 dias já está boa de matar? Não está boa de matar. Eles botam tanto remédio, que elas tem que crescer do dia pra noite.”, explica Marilene.
Para a agricultora, a recuperação da floresta deixa o ar mais limpo, as pessoas respiram melhor. “Se cada um fizesse uma parte, eu acho que a floresta, o mundo, seria diferente. “, pontua.
Seu Fortunato complementa que aconselham as pessoas a não desmatarem, não queimarem e plantar de tudo um pouco. “Uma área agroflorestal tem que ter de tudo um pouquinho. Se tiver apenas um pé de árvore, não é agroflorestal. É importante porque é muito bom para saúde, porque não vai queimar, não tem fumaça, não mata os bichos do chão, tudo isso”, ressalta Fortunato. Marilene explica que quando se queima algum local, matam os microorganismos da terra, que fica sem proteção. Do mesmo jeito acontece quando se usa herbicidas, que contamina também a água.