DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO | Eventos mobilizam o tema da Soberania Alimentar no Dia Mundial da Alimentação

DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO | Eventos mobilizam o tema da Soberania Alimentar no Dia Mundial da Alimentação

 

O Dia Mundial da Alimentação, comemorado na última quarta-feira (16 de outubro), mobilizou uma série de eventos para reflexão sobre Soberania e Segurança Alimentar diante do contexto da volta da fome no país. No município de Remanso, foi realizado o Seminário Comida de Verdade nas Escolas do Campo e da Cidade, com a participação de agricultores e agricultoras familiares, pescadores e pescadoras artesanais, horticultores (as) urbanos, poder público e movimentos sociais, no auditório do Centro Social de Remanso.

O evento teve objetivo de promover uma reflexão sobre a implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Para Márcia Muniz, coordenadora do SASOP, o Dia Mundial da Alimentação é uma data para refletir sobre a comida que se coloca na mesa todos dias. “O que levamos para casa nos alimenta? Estamos vivendo um contexto preocupante com a volta da fome em nosso país. As políticas públicas que foram importantes para a agricultura familiar e segurança alimentar das pessoas estão sendo fragilizadas e isso impacta nas famílias mais pobres”, ressalta a coordenadora.

Márcia destaca ainda que o PNAE teve muitos avanços, mas ainda precisa ampliar. “Precisamos alcançar outros mercados mas não vamos desistir do PNAE. Precisamos ter acesso a alimentos cada vez saudáveis, vindos da agricultura familiar e é no município que vamos fortalecer esse trabalho. Estamos de parabéns, mas temos que continuar na luta para ampliar a compra de produtos da agricultura familiar por parte do município para além dos 30% obrigatórios”, conclui.

A pescadora e integrante da Associação de Pescadores e Pescadoras de Remanso (AAPR), Lucia Freitas,  lembra que o Programa nasce no mesmo ano de fundação da APPR, em 2009. “O PNAE ajudou as mulheres a se fortalecer. Nos ajudou a buscar nossa independência, a valorizar nossos produtos que passaram a ser reconhecidos pelas comunidades. Antes, não eram aceitos. Nesse momento que a gente fornece o produto, ajuda a dinamizar a economia do município e contribui com a nossa geração de renda. Adquirimos autonomia e respeito em nosso lar, hoje temos a liberdade de sair e de dizer não quando não concordamos com o que nos é imposto. Foi uma conquista muito grande para as mulheres”, comemora.

Durante o evento, foi lançado ainda o projeto com mesmo nome do Seminário – Comida de Verdade nas Escolas do Campo e da Cidade – que está sendo desenvolvido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), juntamente com o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e outras organizações parceiras.

O projeto é uma pesquisa-ação que irá analisar casos no desenvolvimento dessa política pública, buscando entender os desafios, os avanços e as inovações na sua implementação, tanto na perspectiva das organizações da agricultura familiar quanto dos gestores públicos.  Um dos sete estudos de caso a serem sistematizados é a experiência do SASOP, com o acompanhamento dos grupos produtivos que fornecem alimentos para o PNAE, no município de Remanso.

 

 

Raízes do Brasil Bahia – Na Assembleia Legislativa da Bahia, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA Bahia) apresentou o projeto Raízes do Brasil, à apresentadora e culinarista Bela Gil. A iniciativa, que já acontece no Rio de Janeiro, estará, em breve, em Salvador com ações de promoção da Agroecologia e de diálogos entre o campo e a cidade, a partir das feiras agroecológicas, da entrega de cestas mensais por assinatura, além de inauguração de um espaço agroecológico que irá agregar uma loja de produtos da agricultura familiar, atividades culturais e de mobilização da população da cidade de Salvador.

O almoço antecedeu a Sessão Especial, organizada pelo deputado estadual Marcelino Galo, em homenagem à Bela Gil, com a entrega da Comenda 2 de julho. A homenagem simbolizou a importância das pessoas de visibilidade pública pautarem as lutas dos movimentos pela reforma agrária como forma de democratização do alimento saudável, produzido de forma agroecológica. A homenageada destacou a importância da reflexão sobre o ato de comer, já que cada alimento colocado no prato possui impacto positivo ou negativo na sociedade. “Quando falo que comer é um ato político, quero dizer que a comida é uma ferramenta de transformação política, econômica social e nutricional. No entanto, comer só se torna político quando a gente tem a possibilidade de escolher o que comer, mas isso não é uma realidade hoje no Brasil e no mundo. Precisamos lutar pela reforma agrária porque só assim iremos democratizar o alimento bom, limpo e justo, mas também precisamos lutar pela igualdade de classes, de raça e de gênero.”, reforçou Bela Gil.

2o Banquetaço Bahia – Também na capital baiana, foi realizada a segunda edição do Banquetaço Bahia, no Pelourinho, com o objetivo de denunciar a fome, o uso de agrotóxicos e defende comida saudável para todos. A atividade envolveu cerca de 70 parceiros e parceiras, entre organizações e movimentos da sociedade civil, profissionais de nutrição, restaurantes, gastrônomos e universidades, juntamente com representantes do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. Os alimentos doados vieram, principalmente, de produtores agroecológicos da Bahia. O ato mobilizou ainda a população para a Conferência Nacional, Popular, Autônoma: por Direitos, Democracia e Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, a ser realizada em 2020.

Fotos:

SASOP
Raízes do Brasil | Bahia
Banquetaço bahia

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