Andrelina Souza e Francisco de Jesus (2011)

CANTEIRO ECONÔMICO GERA SEGURANÇA ALIMENTAR

Dona Andrelina Souza, agricultora, vive com o esposo Francisco de Jesus e os filhos Gilmar, Gilomar, Lídio, Carlos Henrique e Francineide na comunidade de Caldeirão do café, a 55 Km da sede de Remanso. A família desenvolve há mais de cinco anos uma experiência de produção de alimentos em canteiro econômico, que garante segurança alimentar e geração de renda.

A casa da Dona Andrelina sempre foi um ponto de encontro da comunidade, onde acontece o culto dominical, reuniões da Rede de Mulheres, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associação Comunitária e as capacitações de projetos de desenvolvimento social.
Desde 2001, Dona Andrelina trabalha com horta e, como participa da Rede de Mulheres, participa das formações do SASOP sobre construção de canteiro econômico e da cisternas de produção.


Técnica simples

O canteiro econômico é feito com bloco, lona, cano e telha. Dona Andrelina explica que primeiro a família cavou o buraco de 25 centímetros de profundidade, 5 metros de comprimento e 1 metro e 20 centímetros de largura. Depois levantou as laterais com bloco e cimento, coloca a lona, o cano do gotejamento com a cobertura de telha, o barro e por ultimo o esterco curtido.
O cano de gotejamento tem duas extremidades abertas para cima que recebem água. É através destas aberturas que o canteiro é aguado. Este cano é todo furado nas laterais e vai de uma ponta a outra do canteiro para manter a umidade. Outro diferencial é a lona que impede a água de infiltrar no solo. Técnicas simples como estas ajudam a diminuir a quantidade de água para manter o canteiro.
Ela conta que é costume na comunidade utilizar o esterco de bode na adubação. “Dizem que é mais eficiente do que ao gado e que tem todo um preparo para ser usado. Coloca o material num pneu com água e deixa curtir durante 8 dias, sempre renovando”, explica. Com o adubo preparado desta forma, a família consegue produzir um pouco de tudo: beterraba, alface, coentro, cebolinha, pimentão, tomate e couve.
Ao redor do canteiro, planta berinjela, pimenta, girassol, sorgo, ervas medicinais e mudas de plantas nativas. Outra forma de cultivar as hortaliças são os canteiros suspensos com madeiras para evitar contato com os animais. Boa parte do plantio é feito com sementes crioulas, que são guardadas por Dona Andrelina em saquinhos plásticos.


Diversidade de cultivos e criações

Além dos canteiros, a família mantém um cultivo diversificado de plantas frutíferas bem adaptadas ao clima, a exemplo da pinha, graviola, mamão, goiaba, acerola e laranja. Apesar dos longos períodos de estiagem, a família consegue manter a produção do quintal buscando água de carroça num poço que fica a meia légua da propriedade.

O roçado da família é também bastante diversificado, com o feijão de corda, milho, melancia, melão, abóbora e mandioca. Neste terreno, meia tarefa é destinada para o cultivo da palma junto com outras culturas. O objetivo é aproveitar melhor a área e manter o equilíbrio do ambiente, diminuindo as pragas.

Dona Andrelina conta que a produção dos canteiros vem contribuindo para melhoria da qualidade alimentar. Além disso, gera renda com a venda dos produtos nas reuniões da comunidade, nos cultos dominicais e às vezes na feira de Remanso. No canteiro econômico, o que mais produz é a beterraba, que é vendida a 2 reais o quilo. No quintal produtivo, o que gera mais renda é o mamão, que custa entre 50 centavos e 1 real a unidade.

A criação de animais também é diversificada. Criam carneiro, bode, ovelha, porco e galinha. Além de ser mais barato são mais resistentes ao clima. A família também cria cavalos e jumentos, que ajudam como meio de transporte, na captação de água, aragem da terra e para pegar lenha. Durante a estiagem, a ração dos animais é feita a base de palma e milho.

A experiência de Dona Andrelina mostra que com organização é possível viver bem no semiárido, sem precisar sair em busca da sobrevivência em outras regiões.

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