Feira Agroecológica de Camamu (2011)

FEIRA AGROECOLÓGICA VALORIZA PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR EM CAMAMU-BA

Família no dia da inauguração da Feira

A Feira Agroecológica de Camamu, inaugurada em janeiro de 2009, surgiu como uma alternativa de acesso ao mercado para diversas famílias agricultoras da região, já que a comercialização tem sido um dos grandes desafios para a produção da agricultura familiar, identificada desde 2004 pelo Diagnóstico Rápido Participativo do Município. A Feira tem o objetivo de contribuir para a geração de renda e autonomia de agricultores e agricultoras, além de promover o acesso da população local a alimentos mais saudáveis, que garantem a segurança alimentar e nutricional das famílias e estimulam o consumo consciente.

A Feira Agroecológica funciona no mesmo espaço da feira municipal às sextas e sábados, com barracas identificadas e produtos diversificados, como  frutas, verduras, legumes, hortaliças, plantas medicinais, além de doces, geleias, compotas, balas, geladinhos, beiju, sucos e bolos. Há um espaço ainda para a venda de artesanato, produzido por um grupo de mulheres, e troca de saberes com informativos e bate-papos com os agricultores sobre seus produtos e o trabalho agroecológico. Atualmente, participam da Feira Agroecológica famílias agricultoras das comunidades do Assentamento Dandara dos Palmares, do Zumbi dos Palmares e do Barroso, todas localizadas na zona rural de Camamu, que contam com o apoio do SASOP, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, da CEPLAC, da CARE Brasil e da Prefeitura de Camamu.

Maria, agricultora no Assentamento Zumbi dos Palmares, em Camamu-BA, conta que, no início, algumas pessoas não permitiam que vendessem seus produtos na Feira. Depois que conseguiram esse espaço, começaram a diferenciar seus produtos e a conquistar os consumidores da cidade. “Agora queremos organizar nosso espaço separado para nossos produtos agroecológicos que são diferenciados. Muitos fregueses compram e gostam muito. Voltam para nos dizer que os produtos, principalmente as folhas, duram muito mais do que as outras que tem veneno”, esclarece Maria.

Del, como é conhecida a agricultora Maria Andrelice, do Assentamento Dandara dos Palmares, vende seus produtos in natura e também beneficiados. Ela faz bolos, doces, cocadas, sucos, farinhas, beiju e outros derivados dos alimentos que planta no seu próprio quintal e na roça. “Beneficio os alimentos porque conserva por mais tempo e ainda diversifica e valoriza os produtos que vendo na Feira.”, ensina.

Alimentos Agroecológicos

       

A construção do conhecimento para produção de alimentos agroecológicos foi acontecendo a partir das vivências e experimentações dos agricultores, além do diálogo e trocas de saberes em espaços coletivos, oficinas, visitas de intercâmbios a outras experiências. Todos os alimentos são produzidos em parceria com a natureza, preservando e recuperando a rica biodiversidade da Mata Atlântica, de forma a garantir um desenvolvimento local sustentável. Este tipo de produção não permite a utilização do fogo, do desmatamento, do uso de venenos e outros produtos químicos, da monocultura e produção em larga escala, nem poluição dos rios e nascentes.

Produzir conforme os princípios da Agroecologia significa cuidar da terra e dos seres vivos, sempre com a preocupação de devolver à natureza tudo o que dela é retirado, dando importância ao cuidado com o ser humano, com a saúde, valorizando e respeitando a cultura e os saberes de quem produz e quem consome. Tudo isso associado à solidariedade, à equidade social, ao associativismo, à autonomia das comunidades, à troca e construção de conhecimentos coletivos e à integridade do ser humano.

Diversas experiências refletem a agroecologia na produção de alimentos nos quintais e em outros espaços da propriedade, na criação de pequenos animais, na produção de adubos orgânicos e sistemas agroflorestais, na organização coletiva das famílias, das mulheres e da juventude, das associações e cooperativas, na comercialização e na produção de artesanato, na cultura, no trabalho com plantas medicinais, beneficiamento e na comercialização conjunta da produção. Todo esse trabalho vem trazendo para as comunidades a oportunidade de garantir a segurança alimentar de suas famílias e a vontade de proporcionar a outras pessoas o acesso a uma alimentação que as permita ter uma melhor qualidade de vida e saúde.

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