Agroecologia e Democracia unindo campo e cidade
Grupo de Mulheres da comunidade Tamanduá, Pilão Arcado-BA (2014)
Mulheres da comunidade Tamanduá comemoram pelo trabalho em grupo
Na comunidade Tamanduá, zona rural do município de Pilão Arcado, na Bahia, um grupo de seis mulheres se organiza para criação de caprinos. Com o nome Renascer, o grupo teve inicio em 2011. Hoje quatro criadoras seguem em frente com as atividades de criação. São elas: Edineide Brito do Nascimento, de 38 anos, Ivoneide, com 34 anos, Edna Aparecida Brito do Nascimento, de 20 anos, e Celina José da Silva, que tem 52 anos.
Celina conta que antes do grupo ter o nome Renascer, elas debateram e pesquisaram muito, até chegar a conclusão de que o nome se enquadrava. Para elas, a formação do grupo foi motivo de esperança e, com a superação das dificuldades, decidiram colocar o nome Renascer representando a esperança que renasce para Tamanduá. Segundo Celina, a comunidade nunca teve tanta criatividade. Já criavam as cabras individualmente, mas em grupo é a primeira vez.
Edineide, conhecida como Neide, lembra que o grupo surgiu depois que o SASOP começou a atuar na comunidade, com visitas de acompanhamento técnico, e foi mobilizando as pessoas, incentivando a criar o grupo. Foi aí que passaram a se reunir e a criar as cabras. Neide conta que foram contempladas com 10 cabras e um reprodutor.
Para elas, trabalhar em grupo deu um novo ânimo. Celina revela que aprenderam muito nesses últimos anos. Diz que as cabras trouxeram uma fortaleza. Atravessaram pela seca, aprenderam a fazer ração até de mandacaru. Foram dois anos de seca e conseguiram passar bem. Conta que, se hoje estão se elogiando, é porque não desanimaram. Mesmo com toda dificuldade se mantiveram firmes. No início eram seis mulheres, mas duas saíram por motivos pessoais e as quatro que ficaram seguiram em frente.
Fazem ração do mandacaru junto com o milho. Tiram os espinhos, o pau, passam na forrageira e, depois que seca, passa de novo na outra peneira. De acordo com o grupo, rende bastante. É o mesmo processo da torta de algodão. O leite, segundo Ivoneide, ainda não está sendo tirado porque com a estiagem não tem muito e precisam deixar para os cabritos.
Após um tempo trabalhando todas juntas, começaram a dividir as tarefas.Todas se juntam para fazer a limpeza do aprisco e dar remédio as cabras. Vivi, como Ivoneide é chamada, é a que mora mais perto do aprisco e, quando amanhece o dia, já vai vendo o que pode fazer para ajudar o grupo. Diz que quando uma precisa sair, a outra substitui para as cabras não ficarem sem os cuidados. Os animais são criados soltos na caatinga, mas o grupo teve a preocupação de fazer um cercado e prendê-los no período do inverno para não fugirem. Hoje são 22 cabeças.
Ivoneide conta que quando os cabritos nascem já cortam o umbigo e passam o iodo, sem esquecer de marcar a data que o cabrito nasceu para saber quanto tempo ele tem de vida. Outra coisa importante para o grupo é a limpeza do aprisco e dos animais para evitar as verminoses e as doenças.
Para combater a verminose, as mulheres fazem o chá do pau de rato e dão às cabras de seis em seis meses. Depois das folhas desidratadas, colocam 250 gramas em um litro de água e deixa em infusão até o dia seguinte. São cinco mililitros para cada animal.
Neide explica que utilizam também osal vermífugo. Junta com batata de pulga, alho e pau de rato. Já o sal vitaminado é feito com a semente de pau ferro, a casca de ovo e semente de leucena. Segundo a criadora, pode acrescentar outras sementes como as de abóbora.
O grupo já tem armazenado a ração do mandacaru para usar no período da seca. Já estão esperando a chuva, preparando o terreno para o plantio das forrageiras para não ficar tirando da caatinga. Aprenderam a armazenar o que puder no período do inverno e já planejam começar a produção de queijos. Celina completa dizendo que agora é a hora de trabalhar porque quando estiverem fazendo os queijos será o momento de saborear.
As mulheres criadoras de caprinos do grupo Renascer dizem que hoje só tem motivos para comemorar. As cabras não morrem mais porque tem alimentos e as mulheres tem ânimo e coragem para trabalhar. Para elas, a maior lição foi ter aprendido a trabalhar em grupo.
Conheço essa comunidade aí e sei muito bem as dificuldades daí. Quero parabenizar essas mulheres guerreiras. Parabéns pela vossa coragem que Deus vos abençoe pela vossa coragem.