Joares Roberto dos Santos (Joca) e Adejane Conceição Oliveira dos Santos (2015)

Joares-Lameiro (38)Agricultor aposta na Agroecologia para ter mais saúde e preservar o meio ambiente

Nascido na Comunidade Lameiro, zona rural do município de Camamu (BA), Joares Roberto dos Santos, conhecido como Joca, é casado com Adejane Conceição Oliveira dos Santos. Ele conta que o Lameiro era mata fechada e que os avós chegaram ao local abrindo a mata. Não tinha nada plantado. Abriram barraca de palha e começava a cultivar. Plantavam milho, feijão, mangalô, fava, criavam animais, porcos, galinhas, patos. Criavam soltos no meio da mata. Os predadores não abusavam, não roubavam. Depois que o avô faleceu venderam boa parte da terra.

A experiência de Joca com a Agroecologia começou a partir das visitas do SASOP, com acompanhamento técnico e viagens de intercâmbio. Ele via as experiências de outros parceiros e a curiosidade de começar vinha também. Em 2010, iniciou a criação de pequenos animais. Joares é também coordenador do Fundo Rotativo Solidário que, segundo ele, tem funcionado bem e é o ponto principal na comunidade. Ele é o responsável pela gestão do recurso, que possibilitou construírem na comunidade as infraestruturas para criação de galinhas e de peixes.

A rotina de Joca e Adejane começa sempre entre 5h e 6h da manhã. Em dia de mutirão, o agricultor levanta ainda mais cedo. A primeira atividade do dia é cuidar dos animais. Passa no galinheiro, nas represas e dá comida aos peixes. Dificilmente sai para o trabalho sem passar nas criações.

No espaço de uma tarefa e meia de terra, eles cultivam uma diversidade de produtos: cacau, cravo, guaraná. Ao redor da casa, tem tomate, jiló, cebolinha, coentrinho e outras hortaliças. Ele conta que há um bom tempo não compra nada, eles mesmos produzem e consomem tudo da terra. Através do cultivo agroecológico, Joca vê a melhoria na qualidade na alimentação e a economia em poder tirar tudo da sua propriedade, sem necessidade de ir ao mercado. Ainda não comercializa nada, apenas consome.

A história do mutirão tem grande importância para Joca porque a criação de peixes veio por meio do mutirão. Já era voluntário, mas não tinha dinâmica de cuidar dos alevinos. Com as reuniões, surgiu a necessidade de fazer represa e criar peixe. Como vários companheiros queiram criar, formaram um grupo, incialmente, voltado para a criação de peixe e hoje trabalham com tudo. Já construíram várias represas. Quando o grupo foi formado, aumentou também a união e a parceria entre eles. Fazem tudo junto: cavam presas, cultivam roças, trabalham nas hortaliças, no plantio e na colheita. Faz três anos que não compram feijão. Tem semente para plantar o ano todo e ainda reservou da safra passada. Sempre trocam sementes entre os companheiros do mutirão.

O casal não usa adubação química. Geralmente, usa esterco de galinha ou de bode. Joca diz que o combate às pragas é feito com inseticida natural. Já utilizou agrotóxico, mas foi pouco e, ainda assim, danificou o solo. No primeiro encontro com o SASOP, ele ouviu sobre Agroecologia e então parou de usar agrotóxicos. Conversou com a família inteira para que parassem de usar também.

No Lameiro, segundo o agricultor, tinha um vizinho que sempre usava agrotóxico na propriedade que fica bem perto da nascente que abastece a represa dele e, por isso, perdeu uns 70% dos peixes com a contaminação da água. Ele sempre vem fazendo trabalho na comunidade explicando para as pessoas sobre esses herbicidas e cita o exemplo de um amigo que veio a óbito. O sonho do casal é ampliar as hortaliças e as criações para que não falte alimentos diversificados e deixe de uma vez por todas de ir ao mercado. Ressalta que o mais importante é ter saúde e preservar o meio ambiente.

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